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O que precisas de saber sobre o Mundial 2023: seleção feminina
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O que precisas de saber sobre o Mundial 2023: seleção feminina

A seleção nacional feminina apurou-se para o mundial 2023, mas não conseguiu ultrapassar a tão temida seleção dos Estados Unidos da América!

Um golo de Carole Costa aos 94 minutos do jogo do play-off Intercontinental de qualificação para o Mundial 2023 contra os Camarões, tornou realidade um sonho que norteava a seleção feminina portuguesa desde que, há longínquos 42 anos, disputou o seu primeiro jogo oficial contra a congénere francesa.

Transformada a utopia em realidade, a seleção nacional feminina participou no maior desafio da sua história: o Mundial 2023.

A nona edição da maior competição mundial de seleções femininas  foi prodiga em novidades começando, desde logo, pela organização.

Mundial 2023: Organização, datas e estádios

Pela primeira vez na história de um torneio FIFA para seleções seniores, a organização foi entregue a dois países pertencentes a duas confederações diferentes: Austrália da AFC (Asia Footbal Confederation, de notar que a Austrália pertenceu à OFC até 2006) e Nova Zelândia da OFC (Oceania Football Confederation).

Esta foi também a primeira grande competição FIFA para seleções seniores que se disputou na Austrália e na Nova Zelândia, países que já acolheram mundiais FIFA de categorias de formação masculinas e femininas em outras ocasiões, mas que nunca tinham organizado uma competição deste nível.

O pontapé de partida para este Mundial feminino que contou, também pela primeira vez, com 32 seleções (no último mundial disputado em 2019 eram 24 as seleções presentes) teve lugar no dia 20 de julho no estádio Eden Park (48 mil espectadores de lotação) em Auckland na Nova Zelândia num jogo que colocou em confronto as “Ferns”, nome pelo qual é carinhosamente conhecida a seleção da casa, e a Noruega.

Uma hora depois foi a vez das “Matildas”, nome pelo qual é conhecida a seleção feminina australiana, entrarem em campo para estrearem o “lado australiano” da organização com um jogo contra a República da Irlanda no Stadium Australia (83 mil espectadores) em Sidney. Para o Stadium Australia esteve igualmente marcado o jogo da final que teve lugar a 20 de agosto.

No total, foram 10 estádios (6 na Austrália e 4 na Nova Zelândia) repartidos por 9 cidades diferentes.

Quanto às nossas heroínas, elas disputaram todos os seus jogos da fase de grupos na Nova Zelândia e o seu jogo de estreia aconteceu pelas 8h30 minutos da manhã (hora portuguesa) no Forsyth Barr Stadium de Dunedin com capacidade para cerca de 28 mil espectadores contra os Países Baixos.

Curiosamente, esta não foi a primeira vez que uma seleção nacional de futebol joguou neste fabuloso estádio, já que, durante o Mundial 2015 de sub-20 masculinos, a seleção aí jogou e ganhou por 3-1 contra a Colômbia.

Depois de ficar a conhecer o relvado de Dunedin, a seleção portuguesa mudou-se de armas e bagagens para Hamilton onde defrontou o Vietname no dia 27 de julho, também pelas 8h30 minutos da manhã em Portugal.

30 minutos mais cedo, mas numa nova cidade, as nossas campeãs entraram no Eden Park em Auckland no dia 1 de agosto para um confronto que épico contra as atuais campeãs do Mundo: os Estados Unidos da América. 

Apesar do grande esforço por parte das nossas navegadoras, o empate frente à seleção dos Estados Unidos levou à eliminatória de Portugal no campeonato Mundial de Futebol Feminino 2023.

Seleções e Grupos do Mundial 2023

Como já referimos, este foi o primeiro mundial escrito no feminino que teve 32 seleções. Para além da Austrália e Nova Zelândia, o Mundial 2023 contou ainda com as estreias de Portugal, República da Irlanda, Haiti, Panamá, Marrocos, Filipinas, Vietname e Zâmbia.

Estas dez seleções juntaram-se a 22 outras para formarem oito grupos de quatro equipas que qualificaram 16 seleções para a disputa dos oitavos de final deste Mundial 2023. A saber:

   - Grupo A: Nova Zelândia, Noruega, Filipinas e Suíça.

   - Grupo B: Austrália, República da Irlanda, Nigéria e Canadá.

   - Grupo C: Espanha, Costa Rica, Zâmbia e Japão.

   - Grupo D: Inglaterra, China, Haiti e Dinamarca.

   - Grupo E: PORTUGAL, Estados Unidos da América, Países Baixos e Vietname.

   - Grupo F: França, Brasil, Jamaica e Panamá.

   - Grupo G: Suécia, Itália, Argentina e África do Sul

   - Grupo H: Alemanha, Marrocos, Coreia do Sul e Colômbia.

De sublinhar que o grupo de Portugal cruzou-se com o Grupo G nos oitavos de final.

Quem eram os favoritos?

Anteriores campeãs do mundo, os Estados Unidos da América tentaram a conquista de um inédito tricampeonato depois de terem levantado o tão ansiado troféu em 2015 (Canadá) e 2019 (França).

Os Países Baixos comandados por Vivianne Miedema chegaram à final em 2019 e, após o Europeu 2022, partiram para este Mundial 2023 com ambições reforçadas de, finalmente conquistarem o maior troféu de seleções a nível mundial.

Nesta “primeira divisão” do mundial couberam ainda a Inglaterra, atual campeã da Europa, Alemanha, vice-campeã europeia e já campeã do mundo por duas vezes (2003 e 2007), Suécia, vice-campeã olímpica em 2021 e o Canadá, campeão olímpico em 2021.

Não nos podemos esquecer da equipa de França, do sempre temível Japão e da Noruega.

O Brasil encontrava-se em fase de renovação sob o comando da treinadora sueca Pia Sundhage que, depois de tomar conta das canarinhas em 2019 já trouxe para o Brasil a Copa América 2022 e contou com a veterana Marta para fazer sonhar os brasileiros.

O sonho comanda a vida das brasileiras, mas também das nossas bravas Navegadoras que, após se terem qualificado para o primeiro mundial da história da seleção feminina portuguesa, apresentaram-se na Nova Zelândia cheias de vontade de continuarem a surpreender o mundo. No entanto, não conseguiram ultrapassar a fase de grupos.

A beber da organização e fomento do futebol feminino português pela FPF ao longo dos últimos anos que se consubstanciou na formação de uma liga interna mais competitiva e mediática e na promoção e democratização do futebol feminino no nosso país, a seleção das quinas tem conseguido afirmar-se nos grandes palcos europeus.

Depois de uma primeira participação num campeonato da Europa em 2017 (Países Baixos) que terminou com uma vitória frente à Escócia que quase garantiu um lugar nos quartos-de-final, a seleção esteve também presente no último europeu onde deu mostras do grande crescimento e evolução da modalidade em Portugal.

Depois de ultrapassar a Sérvia, Bulgária, Israel e Turquia para ficar no grupo de qualificação que teve na Alemanha a vencedora, a seleção bateu, sucessivamente, Bélgica (2-1 em Vizela), Islândia (4-1 em Paços de Ferreira) e Camarões (2-1) para conquistar o direito a disputar o Mundial 2023.

Num grupo com Estados Unidos da América, Países Baixos e Vietname, a vida das craques do futebol português não foi fácil.

Tal como todos os portugueses puderam ver no Europeu de 2022, a seleção não vira a cara à luta e recuperou de uma desvantagem de 2 golos frente aos Países Baixos para empatar, momentaneamente, o jogo antes de as neerlandesas marcarem um terceiro golo e acabarem com as esperanças lusas.

Mais do que o resultado, este jogo indiciou que é possível bater a atual vice-campeã do mundo, o que acaba por dizer muito do quanto o futebol feminino português evoluiu ao longo das suas mais de quatro décadas de existência.

Jogar o Mundial 2023 é, só por si, uma vitória para todos as portuguesas e portugueses que vestem a camisola do futebol feminino no nosso país.

Independentemente de não terem chegado aos oitavos de final, o mais importante é que as Navegadoras eleitas pelo selecionador nacional Francisco Neto sentiram o apoio de todas as portuguesas e portugueses quando a bola começou a rolar na Nova Zelândia.